Mike Davis, 2006
O “Planeta Favela” mostra uma realidade: pela primeira vez na história a população da Terra terá uma população urbana superior que a rural, o que acatará mudanças superiores que o Neolítico e a Revolução industrial, segundo Mike Davis. Essa transformação não se deu de forma como previam os arquitetos e filósofos, mas geraram uma enorme favelização das cidades, principalmente do terceiro mundo. (Vide China, Brasil e Índia).
O “Planeta Favela” mostra uma realidade: pela primeira vez na história a população da Terra terá uma população urbana superior que a rural, o que acatará mudanças superiores que o Neolítico e a Revolução industrial, segundo Mike Davis. Essa transformação não se deu de forma como previam os arquitetos e filósofos, mas geraram uma enorme favelização das cidades, principalmente do terceiro mundo. (Vide China, Brasil e Índia).
Os estudiosos diziam que o crescimento das cidades se daria como o crescimento de Manshester e Berlim, porém a realidade demonstrou que esse se deu como o crescimento da Dublin vitoriana. Ou seja, hoje os barracos das favelas pós-modernas podem ter inveja das casas do início do século.
Na analise das políticas de Estado para conter o avanço do crescimento populacional, a primeira tentativa foi remover os assentamentos humanos e favelas, como podemos exemplificar nos casos da Cidade do México, Rio de Janeiro, Vietnã do Norte, África, Índia e China. Logo depois, ao perceber que o problema era inevitável a política internacional muda...
O Conselho de Washington aprova políticas de urbanização de favelas a partir das organizações não governamentais e indica o para os Estado do terceiro mundo a sua minimização. Em outras palavras, “urbanizar as favelas não destruí-las”. “Governância participativa” e “sinergia” eram as palavras de ordem. A junção do anarquista Jonh Turner e do presidente do banco central, Macnamara, gerariam essas políticas de “auto-ajuda”, que eram muito insignificantes se pensássemos nas necessidades da população do mundo todo.
A fase neoliberal, a partir de 1970, foi quando as favelas mais cresceram no mundo. E a maioria das iniciativas Estatais de habitação popular foi assimilada pela classe média, inclusive no primeiro mundo como o caso de Nápoles, na Itália. Junto a isso se agravam as condições de vida nessas favelas. O caso desenfreado de AIDS na África é bastante exemplar.
O terceiro mundo vive essa crise da superpopulação urbana. 46 paises do mundo estão mais pobres hoje do que no início da década de 90. Os financiamentos para políticas de limpeza de Centros comprovam que quanto maior esses investimentos maiores são as desigualdades. A desigualdade urbana já é maior que desigualdade rural. São Paulo de 1980 tinha 40% de empregos vindos da indústria, em 2004 só 15%. De 96 à 2001, 36 milhões de operários foram demitidos. Na índia o PIB cresceu 6%, o resultado foi 1 milhão de novos milionários e 56 milhões de mineráveis. Para a índia a década de 90 foi a pior para o povo pobre e somando-se a isso os preços dos cereais subiram 58% de 91 a 94. No Brasil a força de trabalho informal já alcançou 37%.
“O século XX não se tornou uma época de revoluções urbanas, como imaginou o marxismo clássico, mas de levantes rurais e guerras camponesas de libertação nacional sem precedentes”. “Marx ficaria provavelmente chocado se descobrisse como, nos países em desenvolvimento, parte tão grande da massa transbordante não consiste em proletários legais oprimidos, mas de pequenos empresários extralegais oprimidos”.
Por fim, Mike Davis, afirma: “A doutrina do Pentágono está sendo reconfigurada nessa linha para sustentar uma guerra mundial de baixa intensidade e duração ilimitada contra segmentos criminalizados dos pobres. Esse é o verdadeiro “choque civilizatório”.” Quer dizer: A sociedade agrária tende ao fim, e a sociedade urbana vai tomar todo o território, o que gerará conflitos de ordem locais desenfreados. O autor foge de uma tentativa de minimizar ou contornar esses impactos. Essa deveria ser ação dos arquitetos e urbanistas, somado a negação da construção de espaços de segregação e espólio da classe, que vive do seu trabalho; a classe trabalhadora, que é mais ampla – e sempre foi – do que o proletariado.
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